Este livro, como todos os outros do Malaquias Sementes, não é inofensivo. Não se deixem enganar pela candura do título ou pela promessa de uma história doce e leve. O que seguram nas mãos é mais que papel e tinta; é um catalisador e um gatilho para diálogos que não podem mais ser adiados.Pais, mães, avós, tios e educadores, cabe-vos uma responsabilidade tremenda: a de acordar em olhos pequenos a centelha crítica para compreender que arte nunca foi apenas ornamento, mas também uma ferida aberta, um grito abafado e um punho erguido em silêncio. Dos muros ásperos do bairro madrileno de Lavapiés, pas-sando pela arte clandestina nas paredes de La Tabacalera, até ao sopro silencioso de Banksy em Arganzuela, saibam que este livro propõe mais do que o prazer estético: é um convite a uma inquietação necessária.Pensem nele como a desculpa perfeita para uma viagem que há muito prometem. Passem os olhos pelas igrejas azulejadas que guardam batalhas históricas em azuis brilhantes. Deixem-se perder por museus que não escondem as dores do mundo, onde quadros de Goya e Picasso gritam, bem alto, o horror e a verdade sobre nós mesmos.