Este livro não é uma fábula. É, como todos os outros 'Micas', um espelho. Estilhaçado. Em que cada estilhaço reflete uma verdade que custa encarar.Este livro, também não é um brinquedo. É uma ferida aberta. Um corte limpo no silêncio que se instala quando se diz: 'As crianças não precisam de saber estas coisas.'Mas precisam. Mais do que nunca.Porque os tribunais não são castelos longínquos onde só os adultos entram com gravatas. São lugares onde se decide o que é justo e o que é apenas conveniente. São o último lugar para onde alguém vai quando tudo o resto falhou.E o Micas, esse menino de oito anos que pergunta com a frontalidade dos que ainda não aprenderam a disfarçar, atravessa este mundo com olhos espantados, mas não ingénuos. O Papá leva-o pela mão e mostra-lhe o essencial. E o essencial, neste livro, é isto: mostrar-lhe (mostrar-vos) que a justiça é difícil, lenta e cheia de ata-lhos e becos, mas ainda assim necessária.Disse Alexis de Tocqueville que 'há poucas misérias maiores para o homem do que ser obrigado a litigar.'E não estava a exagerar. Litigar é mais do que ir a tribunal. É expor a vida a estranhos, é ser analisado por papéis e é esperar por decisões.